Pacote da prefeitura reduz espaços para internação,
amplia cuidados clínicos a dependentes químicos e dobra para seis o número de
consultórios médicos de rua
Rio - A
Prefeitura do Rio lança novo olhar no atendimento aos dependentes químicos da
cidade. O subsecretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, explicou nesta
segunda-feira que a ideia do prefeito Eduardo Paes é ter menos espaços nas
internações e reforçar os cuidados clínicos aos usuários de crack.
Um ambicioso plano de tratamento será anunciado nos
próximos dias. Entre as novidades, traz o mapeamento dos dependentes de drogas
e dos moradores de rua no Rio e promete dobrar de três para seis os consultórios
de rua.
Oanúncio foi feito na audiência pública sobre
internação compulsória, realizado pela ONG Respeito é Bom e Eu Gosto, no
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. A discussão, com
representantes do Judiciário, da prefeitura e da Arquidiocese do Rio de
Janeiro, debateu denúncias apresentadas, em outubro, pelas reportagens do DIA e
envolvendo os abrigos da prefeitura administrados pela Casa Espírita Tesloo.
Daniel Soranz adiantou que o plano estratégico a ser
divulgado por Paes foi elaborado pelas secretarias envolvidas no tratamento aos
usuários do crack e será pilotado pela Secretaria de Saúde. O controle deixa de
ser da Secretaria de Ação Social.
“Vamos evitar erros como a contratação da Tesloo”,
revela o subsecretário, para quem consultórios de rua — unidades médicas que
percorrem pontos onde há concentração de dependentes químicos e população sem
habitação — mostram a nova arma da prefeitura para enfrentar o crack.
Contrato com empresa foi suspenso
As reportagens de O DIA mostraram que a Casa
Espírita Tesloo, responsável pelo tratamento às crianças e adolescentes
dependentes do crack, era presidida pelo major da PM Sérgio Pereira de
Magalhães Júnior.
O oficial, investigado por ligações com as milícias
da Zona Oeste, estava envolvido na morte de 42 pessoas em supostos tiroteios
com traficantes de drogas.
A ONG, em seis anos de contrato com a Prefeitura do
Rio, ganhou R$ 80 milhões dos cofres públicos e a fama de tratar seus pacientes
com uso elevado de tranquilizantes e emprego de violência.
Após a denúncia, a prefeitura suspendeu o contrato
da Tesloo para cuidar dos quatro abrigos de tratamento aos usuários de drogas.
A casa espírita também enfrenta uma auditoria do TCM, que encontrou
irregularidades na prestação de contas.
Postado
em 11 de Dezembro de 2012
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