O cantor e compositor carioca fala sobre o embate
recente que teve com o público em um dos principais palcos do Rio, tema de
discussões acaloradas nas redes sociais
Seu Jorge está magoado com os cariocas. Não com
todos, claro. Apenas com a parcela que o vaiou no show que fez na Fundição
Progresso, na Lapa, no dia 27 de outubro. O protesto veio quando o cantor e
compositor declamava a letra de “Negro drama”, um rap dos Racionais MC sobre a
dura vida dos negros no Brasil. Seguiram-se as vaias e gritos de “Canta!
Canta!”. O público queria dançar ao som de sucessos como “Carolina” e
“Burguesinha”. A resposta de Seu Jorge foi a frase “Viva a alienação carioca!”,
e a apatia. O artista está com 42 anos, e começou a carreira como líder da
banda Farofa Carioca. Ganhou fama mundial como o Mané Galinha do filme Cidade
de Deus, de Fernando Meirelles. Consagrou-se nos palcos da Europa, mas só foi
reconhecido pelo grande público no Brasil com o disco em parceria com a cantora
Ana Carolina, em 2005. Criado em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, hoje mora
em São Paulo, no Morumbi. As vaias na Lapa o afastaram ainda mais de sua terra
natal. Depois do protesto de parte de seu público, cantou como quem “cumpre
tabela”, com os olhos baixos, sem a animação habitual. Um fã postou o relato do
ocorrido em seu blog e o assunto tomou as redes sociais, entre apoiadores e
detratores. Em entrevista para o lançamento de seus novos CD e DVD, Músicas
para churrasco - Ao vivo – Vol. 1, ele confirma a mágoa e afirma que só toca de
novo na Lapa em 2022, quando o público jovem estiver renovado. “A criança de 12
anos de hoje vai estar com 22”, diz. Fala também de seus planos para conquistar
novos públicos, completando sua discografia com discos de todos os estilos –
“samba, rock... Até sertanejo. Por que não?” – e da importância que o aval de
Caetano Veloso teve em sua carreira.