Registrada como menino, uma garota viveu durante
dois anos com o nome Samuel em Senador Canedo (região metropolitana de
Goiânia). A alteração do sexo da criança na certidão de nascimento aconteceu a
partir de uma fraude de documentos feita pela mãe, identificada apenas como
Natasha, logo após o nascimento. A mulher justificou seu ato dizendo que não
queria que a filha fosse vítima de abusos sexuais.
Assim que recebeu a certidão de nascido vivo emitida
pela maternidade municipal Aristina Cândida, ela rasurou, de forma grosseira, a
indicação do sexo para masculino. Apesar da manipulação no documento, o
cartório da cidade fez o registro da criança como menino e com o nome Samuel.
O comportamento da mãe em relação à criança levantou
suspeitas na família. Ela não permitia proximidade com a criança e nunca
deixava que Samuel tomasse banho ou trocasse de roupa com alguém que não fosse
ela própria, a mãe. E o cabelo do “menino” estava sempre curto.
A conselheira tutelar de Senador Canedo, Daniela
Cristina, informou que uma tia de Samuel aproveitou a distração da mãe numa
festa de família, resolver conferir e comprovou que a criança era do sexo
feminino. Logo em seguida, o caso foi denunciado, de forma anônima, ao Conselho
Tutelar.
Uma avaliação médica comprovou que Samuel era na
verdade uma menina. Após a confirmação da fraude, a mãe disse ao conselho que
foi vítima de abuso sexual na infância e que mudou o sexo da filha para evitar
que ela fosse alvo de crimes similares. O caso está sendo apurado pela 3ª
Promotoria de Senador Canedo e corre em segredo de Justiça.
Samuel virou Cristina
Rebatizada extraoficialmente de Cristina, a criança
agora está com uma família acolhedora. A mãe não foi presa. Até a descoberta da
fraude, a criança não tinha registro paterno. Com a investigação, o promotor de
Justiça Marcelo Faria da Costa Lima solicitou exame de DNA para confirmar a
paternidade da menina. Segundo ele, o exame indicou que o pai é o homem
apontado por Natasha.
Nesta sexta-feira (30), o promotor solicitou ao
laboratório o exame sobre a maternidade. “Trata-se de um pedido cautelar porque
não temos documentação da maternidade que a confirme como mãe da criança.”
Segundo ele, a previsão é de que resultado saia ainda na próxima semana.
Com os exames concluídos, a promotoria terminará a
investigação, e novas providências, como a retificação do registro, deverão ser
tomadas. O promotor afirma que se as teses foram comprovadas, e a mãe da
criança deverá ser investigada e processada criminalmente.
Lourdes Souza Do UOL, em Goiânia
Postado
em 01 de dezembro de 2012
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