Saiba como conservar e reaproveitar com segurança os
alimentos que sobram da festa
A cada ano, o manuseio e a conservação imprópria de
alimentos são responsáveis por 670 mil surtos de intoxicação alimentar –
ocorrências que afetam, em média, 13 mil pessoas anualmente – apontam dados
epidemiológicos do Ministério da Saúde. Desse total, 45% ocorrem dentro de casa.
Com a correria para preparar a tempo todos os pratos
que compõem as ceias das festas de fim de ano, cresce também o risco de
contaminação por doenças de origem alimentar. Os erros mais frequentes estão na
cocção (assar ou cozinhar mal ou muito tempo antes do momento de consumo), na
conservação (manter tempo demais em temperatura ambiente) e no armazenamento
(não cobrir as embalagens e reaproveitar os restos que ficaram expostos na
mesa).
O que não foi consumido na festa pode e deve ser
aproveitado no dia seguinte. Para aproveitar as sobras de forma segura,
entretanto, é preciso cuidado. A nutricionista Vânia Cabrera alerta para uma
regra normalmente negligenciada no dia seguinte às festas: se esqueceu de
guardar, despreze. Mas, e o desperdício? Calma, não é preciso colocar na mesa
toda a comida que foi preparada para a ceia. O ideal, orienta a nutricionista,
é por os preparos em recipientes menores, fechados, e deixar na mesa a
quantidade proporcional do número de convidados. Assim fica mais fácil de
armazenar na geladeira e manter tudo fresco para o momento de servir.
“Dá para ir repondo na medida em que os pratos forem
sendo consumidos e o que não foi para a mesa pode ser servido, fresco, no dia
seguinte” diz Vania.
Outro foco frequente de problema com as sobras é
outro erro comum dentro da casa do brasileiro: não reaquecer adequadamente os
pratos quentes antes de servi-los.
“Não vale dar só uma ‘esquentadinha’, é preciso
aquecer bem, a uma temperatura superior a 70 graus”, orienta Flávia Zibordi,
nutricionista da Zibordi Consultoria .
“Para ser servido com segurança, o alimento precisa
estar quente a ponto de você não conseguir tocar nele.”
Flávia, que trabalha há quase duas décadas
orientando hotéis e restaurantes sobre segurança alimentar, já perdeu a conta
das vezes em que algum estabelecimento comercial levou a culpa da intoxicação
alimentar quando, na verdade, o foco de contaminação estava dentro de casa.
“É comum as pessoas colocarem a culpa no
restaurante, mas a verdade é que o maior foco de contaminação ocorre no âmbito
doméstico. Começa por não lavar as mãos antes do preparo, por ficar usando um
pano de prato sujo, e por aí vai. Em festa de fim de ano a cozinha fica cheia
de gente, todo mundo mete a mão na comida. O risco é grande e às vezes difícil
de controlar”, diz ela.
Ainda que os pratos tenham sido preparados com
cuidado e higiene, a exposição por muito tempo na mesa e até mesmo a
movimentação em volta da comida – as pessoas falam, espirram, tossem, mexem no
cabelo – pode contribuir para que a festa seja realmente inesquecível, diz o
biomédico Roberto Martins Figueiredo, o Dr. Bactéria. E não adianta confiar nos
sentidos.
“As bactérias não alteram a cor, o cheiro ou o sabor
dos alimentos de forma perceptível” alerta o biomédico, que é autor, entre
outras obras, do livro Armadilhas de uma cozinha (Ed. Manole).
Veja a seguir o que ajuda a reduzir o risco de
contaminação dos alimentos:
Evite
cozinhar as carnes muito tempo antes do consumo, o ideal é preparar e servir
imediatamente. Outra opção é, depois de pronta, fazer o resfriamento rápido com
gelo (coloque a carne assada em um pote bem fechado e mergulhe-o num recipiente
limpo com gelo) e depois de resfriado guardar na geladeira. Atenção: carnes
guardadas após o resfriamento rápido devem ficar, no máximo 3 dias na geladeira
e peixes, apenas 1 dia.
Asse bem
todas as carnes, especialmente os cortes com osso: a carne perto do osso leva
mais tempo para assar e, assim, ficar segura para consumo. Para saber se a peça
está cozida por inteiro, faça um corte próximo ao osso. Se a área estiver
rosada, devolva a peça ao forno.
Mantenha
tudo como serve: o que é quente deve ser mantido quente e o que é frio precisa
permanecer frio. Evite manter assados e outros preparos por mais de duas horas
à temperatura ambiente e reaqueça bem as preparações quentes. Da mesma forma,
as saladas e sobremesas frias devem ser mantidas assim o maior tempo possível.
Depois de
prontos, guarde os preparos em potes menores. Deixe na mesa apenas o que será
consumido e vá repondo de acordo com a necessidade. O que ficou exposto por mais
de duas horas à temperatura ambiente deve ser descartado (isso vale mesmo para
frutas picadas). O que não saiu da geladeira pode e deve ser consumido no dia
seguinte.
Postado
em 25 de dezembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário